Cirurgia Plástica

A Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética, abreviadamente Cirurgia Plástica é uma área da Medicina cuja definição me causa problemas mesmo após 30 anos a trabalhar como Cirurgião Plástico. Para seu fio unificador é muitas vezes usado a elegância do gesto, a delicadeza na manipulação dos tecidos ou mesmo a preocupação com restaurar a forma (de plastikos do Grego Antigo que quer dizer moldar).

É obviamente abusivo porque qualquer especialidade cirúrgica respeita estes princípios. A palavra “plástica” tem muitas vezes a conotação negativa de artificial. No entanto o que se pretende é exatamente o contrário, que o resultado obtido pareça natural e não devido a cirurgia ou tratamento.

Temos então de a definir pelo que faz. Repara, reconstrói e substitui defeitos físicos de forma ou função envolvendo a pele, sistema musculo esquelético, crânio e maxilo facial, mão, extremidades, mama, tronco e genitália externa tanto adquiridos como congénitos.

A Cirurgia plástica inclui a Cirurgia Reconstrutiva e a Cirurgia Estética (ou Cirurgia Cosmética).

A Cirurgia Reconstrutiva agrupa coisas tão distintas como Cirurgia da Mão, a Reconstrução Mamária, tratamento de tumores da pele e tecidos moles, tratamento do linfedema, tratamento de malformações congénitas como orelhas deformadas ou ausentes ou lábio leporino entre outros.

A Cirurgia Estética é a área mais mediática da Cirurgia Plástica e muitas vezes confundida com ela. Repara ou molda estruturas normais do corpo, usualmente para melhorar a sua aparência, cirurgicamente ou com procedimentos não cirúrgicos como toxina botulínica ou tratamentos de Laser.

Desde o princípio dos tempos os humanos tentam melhorar a sua aparência. Não é, portanto, de estranhar que a Cirurgia Plástica seja uma dos mais antigas áreas da Medicina sendo pelo menos tão antiga como o Antigo Egipto, antecedendo a anestesia e os antissépticos vários milénios. O Papiro de Edwin Smith datado de 3000-2500 a.C. já fala de fraturas do nariz e seu tratamento.

Relatos por Sushruta na India de 600 a.C. descrevem reconstruções nasais entre outras técnicas cirurgicas. No entanto, o monumental salto da Cirurgia Plástica, bem como de toda a Cirurgia apenas se dá fim  do seculo 19 com o aparecimento da anestesia e da antissepsia permitindo procedimentos sem dor e com menor risco de infeção. A história moderna da Cirurgia Plástica começa nos anos 60.

Os avanços da Medicina, o surgimento de novas técnicas e novos materiais como a microcirurgia, os implantes em silicone entre outros permitiram feitos para além da imaginação. Com o novo milénio e a entrada em jogo da aceleração da comunicação – internet, televisão, etc.  Houve uma explosão da popularidade da Cirurgia Estética com a sua real democratização.

Também a nossa filosofia em relação aos procedimentos estéticos tem vindo a mudar na direção de procedimentos menos invasivos que mantenham afastados por mais tempo os sinais de envelhecimento.